quinta-feira, 29 de abril de 2010

HABEAS-PINHO

Recebi no e-mail esta "estória" linda que vou aqui deixar...
"Brigados", Gué!!!!!

Em 1955, em Campina Grande, na Paraíba, um grupo de boêmios fazia serenata numa madrugada do mês de junho, quando chegou a polícia e apreendeu o violão.Decepcionado, o grupo recorreu aos serviços do advogado Ronaldo Cunha Lima, então recentemente saído da Faculdade e que também apreciava uma boa seresta.
Ele peticionou em Juízo para que fosse liberado o violão. Aquele pedido ficou conhecido como "Habeas-Pinho" e enfeita as paredes de escritórios de muitos advogados e bares de praias no Nordeste.
 Mais tarde, Ronaldo Cunha Lima foi eleito Deputado Estadual, Prefeito de Campina Grande, Senador da República, Governador do Estado e Deputado Federal.

 EIS A FAMOSA PETIÇÃO :



HABEAS-PINHO


Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª Vara desta Comarca:


 O instrumento do crime que se arrola


Neste processo de contravenção


Não é faca, revólver nem pistola,


É simplesmente, doutor, um violão.



Um violão, doutor, que na verdade,


Não matou nem feriu um cidadão,


Feriu, sim, a sensibilidade


De quem o ouviu vibrar na solidão.



O violão é sempre uma ternura,


Instrumento de amor e de saudade,


Ao crime  ele nunca se mistura,


Inexiste entre eles afinidade.



O violão é próprio dos cantores,



Dos menestréis de alma enternecida


Que cantam as mágoas e que povoam a vida


Sufocando suas próprias dores.


O violão é música e é canção,


É sentimento de vida e alegria,


É pureza e néctar que extasia,


 É adorno espiritual do coração.



Seu viver, como o nosso, é transitório,


Porém seu destino se perpetua,


Ele nasceu para cantar na rua


E não para ser arquivo de Cartório.



Mande soltá-lo pelo Amor da noite,


Que se sente vazia em suas horas,


Para que volte a sentir o terno açoite


De suas cordas leves e sonoras.


Libere o violão, Dr. Juiz,



Em nome da Justiça e do Direito,


É crime, porventura, o infeliz


cantar as mágoas que lhe enchem o peito?


Será crime, e, afinal, será pecado,


Será delito de tão vis horrores,


perambular na rua um desgraçado


derramando ali as suas dores?


É o apelo que aqui lhe dirigimos,


Na certeza do seu acolhimento,


Juntando esta petição aos autos nós pedimos


e pedimos também DEFERIMENTO.



Ronaldo Cunha Lima, advogado.


O juiz Arthur Moura, sem perder o ponto, deu a sentença no mesmo tom:

 
"Para que eu não carregue remorso no coração,


Determino que seja entregue ao seu dono,


Desde logo, O malfadado violão! “



Recebo a Petição escrita em verso


E, despachando-a sem autuação,


Verbero o ato vil, rude e perverso,


Que prende, no cartório, um violão.


Emudecer a prima e o bordão,


Nos confins de um arquivo em sombra imerso


È desumana e vil destruição


De tudo, que há de belo no universo.




Que seja Sol, ainda que a desoras,


E volte à rua, em vida transviada


Num esbanjar de lágrimas sonoras.


Se grato for, acaso ao que lhe fiz,


Noite de lua, plena madrugada,


Venha tocar à porta do Juiz.

Imagens (C) Google Images
Texto recebido por e-mail sem indicação de autor

2 comentários:

Joaquim Moedas Duarte disse...

Foi libertado o violão
Fez-se justiça, vá lá...
Juiz de bom coração,
difr'ente dos que temos cá...

Que volte a tocar outra vez,
seja noite ou já manhã,
alegrando o "cantar de amigo"
da minha amiga Avelã!

(Cantar com a música do Fado Armandinho e fazendo tlim/tlim/ /tlão entre cada verso...)

Joaquim Moedas Duarte disse...

Foi libertado o violão
Fez-se justiça, vá lá...
Juiz de bom coração,
difr'ente dos que temos cá...

Que volte a tocar outra vez,
seja noite ou já manhã,
alegrando o "cantar de amigo"
da minha amiga Avelã!

(Cantar com a música do Fado Armandinho e fazendo tlim/tlim/ /tlão entre cada verso...)