quarta-feira, 3 de março de 2010

Para o meu poeta da manhã...

À pancada da onda contra a pedra hostil
a claridade rebenta e decreta a sua rosa
e o círculo do mar reduz-se a um cacho,
a uma gota única de sal azul que tomba.

Oh radiante magnólia desatada na espuma,
magnética viajeira cuja morte floresce
e eternamente volta  a ser e a não ser nada:
sal destruído, ofuscante agitação marinha.

Juntos, meu amor, selamos o silêncio,
enquanto o mar destrói suas estátuas perenes
e derruba as suas torres de êxtase e loucura,

porque na trama destes tecidos invisíveis
da água desenfreada, da incessante areia,
mantemos a perseguida e única ternura.

Pablo Neruda

in Antologia, Relógio d'Água,1998

Pintura (C) Max Ernst

3 comentários:

Lilá(s) disse...

Gosto de Pablo Neruda, aqui na zona onde moro existem muitos monumentos em homenagem ao poeta, alguns lindíssimos.
Bjs

ONÍRICA ZEN disse...

Me gustó el poema, Neruda siempre me sorprende, me da alegría y placer leerlo. Hermosa la pintura, Un abrazo grande laura

Branca disse...

Querida Avelaneira,

Gosto de passar por aqui e encontrar um dos meus poetas preferidos, em versos de amor e ternura.
Obrigada pela partilha.
Bom fim de semana.
Beijinhos
Branca