segunda-feira, 15 de junho de 2009

Na noite que chega...


Na noite escreve um seu Cantar de Amigo

o plantador de naus a haver,

e ouve um silêncio múrmuro consigo:

é o rumor dos pinhais que, como um trigo

de Império, ondulam sem se poder ver.


Arroio, esse cantar, jovem e puro,

busca o oceano por achar;

e a fala dos pinhais,marulho obscuro,

é o som presente desse mar futuro,

é a voz da terra ansiando pelo mar.


Fernando Pessoa,
Dom Dinis in Mensagem
Pintura (C)Gustave Courbet-The Edge of the Sea at Palavas

3 comentários:

Joaquim Moedas Duarte disse...

Poesia de SEMPRE!
Lindo!

Beijinho

Lilá(s) disse...

Uma poesia sempre actual, é linda.
Bjs

samuel disse...

Nunca se gasta...

Abreijo.