terça-feira, 1 de dezembro de 2009
A TI, Q.
Pensar em ti é coisa delicada.
É um diluir de tinta espessa e farta
e o passá-la em finíssima aguada
com um pincel de marta.
Um pesar grãos de nada em mínima balança,
um armar de arames cauteloso e atento,
um proteger a chama contra o vento,
pentear cabelinhos de criança.
Um desembaraçar de linhas de costura,
um correr sobre lã que ninguém saiba e oiça,
um planar de gaivota como um lábio a sorrir.
Penso em ti com tamanha ternura
como se fosses vidro ou película de loiça
que apenas com o pensar te pudesses partir.
António Gedeão, A um ti que eu inventei
in Poemas Escolhidos
Pintura (C)Sophie Gengembre Anderson
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4 comentários:
Assim se faz a linguagem das gaivotas...
Em verdade, em verdade vos digo: felizes aqueles a quem os poetas e as mulheres amadas dedicam seus poemas, porque eles verão a face do eterno!
Adoro António Gedeão, sempre.
Bjs
No Querubim Fernando Pessoa, no Cantares de Amigo António Gedeão!
Ambos, meus poetas de eleição...
Beijo amigo,
e bom resto de semana,
Maria Faia
Querida Avelaneira
É bom ler António Gedeão neste teu cantinho de encantamento e onde os cantares são de amizade.
Beijinhos.
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