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Com o sol a arder-lhe sobre a cabeça e os olhos apenas refrescados pela longínqua presença do Mar Tirreno, o cavatori apalpa a superfície do mármore, dá-lhe toques, como que a chamar para o grande dormitório dos heróis, até que dá com o lugar onde espetar uma estaca de ferro. A ela atará a ponta de uma longa corda; a outra ponta cinge-lhe a cintura, e assim descerá pela encosta mais lisa e perfeita da pedra para marcar com maço e cinzel os cortes que delimitarão a estátua de Alexandre Magno e do seu cavalo. Cem metros mais abaixo, os companheiros observam-no, talvez mastigando pedaços de " toucinho de marmorista", curado sem outro condimento além do alecrim e do vento das pedreiras, ou talvez olhando de viés para uma estampa de Jesus onde se lê : Protege o nosso trabalho. [...]
in Luis Sepúlveda, As Rosas de Atacama
Imagem (c) Carlo Galleni
5 comentários:
Sepúlveda é empolgante. Começa-se a ler uma obra sua e não mais se pára.
Gostei do extracto e da imagem.
Bem-hajas!
Beijinhos
Uma Páscoa feliz
Querida Avelaneira Florida
Que bela partilha tão adequada aos tempos que passam.
Feliz Páscoa.
Beijinhos.
Comovente e ao mesmo tempo belo (pela forma como está escrito)relato de vidas tão difíceis!
Gostei imenso deste excerto, é uma atractiva sugestão para ler o livro.
Beijinhos.
A atenção aos pequenos/grandes livros!
E esta sequência de imagem + texto é fabulosa!
Beijinho, SEMPRE!
Minha amiga, tudo de bom para ti e teus amigos e familiares.
BOA PÁSCOA!
Beijos
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